Curso Novo Criado Pelo REUNI na UFSC Sofre Com Precarização

 

Carta aberta aos estudantes da graduação de antropologia da UFSC 

A cada semestre o curso recebe uma nova orientação sobre nosso currículo, mas os problemas não são resolvidos, pelo contrário, a estrutura não muda, é baseada principalmente em disciplinas optativas, e isso nos causa diversos problemas:

*A divisão entre optativas e obrigatórias está um caos. O aluno entra e faz teoria antropológica 1 (obrigatória) e teoria antropológica 2 (optativa) mas no outro semestre o aluno é obrigado a fazer teoria 3 que tem como pré requisito teoria 2 QUE É OPTATIVA!

*A falta de aproveitamento dos alunos das disciplinas por estarem fazendo matérias das ultimas fases de graduação ciências sociais e história e mestrandos e doutorandos da antropologia. Enquanto os estudantes da antropologia perguntam quem é Durkheim os outros estudantes discutem seus projetos de pesquisa;

*Não temos linguística, arqueologia, prática de pesquisa, e quando nos formarmos, não temos formação para fazer laudos antropológicos. Ou seja, estamos nos formando em antropologia, mas e depois? O curso restringe a nossa formação a precarização da UFSC.

*A cada semestre muda nosso currículo e temos que fazer as tais disciplinas chamadas de Tutorial Optativa, que até agora não entendemos o que é, estamos matriculados, mas as aulas não existem, pois os professores nos passam textos extras e marcam um dia para que o aluno venha discutir. Como se fosse disciplina de ensino à distância obrigatória, sendo que o curso é presencial;

*Quando fizemos o vestibular nos matriculamos em um curso vespertino, mas de repente ele virou integral, para cumprir a grade curricular teremos disciplinas em TODOS OS TURNOS! E para piorar o tempo máximo para nossa formação é de quatro anos, exatamente igual ao tempo mínimo, ou seja,segundo o currículo quem reprova em uma matéria é automaticamente jubilado.

Mas não acabaram ainda os problemas. Nosso curso por enquanto tem pouquíssimos alunos, e mesmo assim estes alunos estão sofrendo com a falta de permanência, temos mães que não podem estudar por não conseguirem vagas de creches para seus filhos, como o caso de uma colega que nesse semestre foi expulsa de sala de aula por uma professora “doutora” em gênero por estar com os filhos. Causando constrangimento a todos os presentes. Temos alunos que tomam remédio controlado e não estão recebendo seus remédios, alunos que precisam de bolsas e não conseguem estudar, isso sem contar com os problemas que não são só do nosso curso mas de toda a UFSC: RU, BU, HU, que estão a cada dia mais precarizados.

Essa é a tal expansão de “qualidade” do REUNI, onde o curso de antropologia da UFSC nasceu com ele, aberto em 2010. Na prática o que estamos vivendo é o projeto de bacharelados interdisciplinares defendidos pelo REUNI, pautado na desorganização, currículo maleável “não engessado”, falta de disciplinas,falta de professores, salas de aulas lotadas, etc.

Nossa formação não vem sendo garantida nem para nos posicionarmos no mercado de trabalho. Precisamos de um formação abrangente, crítica e criadora. O nosso curso nos forma para opinarmos de forma fundamentada sobre a usina do belo monte, a demarcação de terras indígenas ou os quilombolas?

Diante de tudo isso precisamos nos organizar, precisamos criar um CA (centro acadêmico) próprio do nosso curso. O centro acadêmico é uma forma de representação necessária para que possamos legitimar a organização coletiva dos estudantes do curso. O que queremos é defender nosso curso, revindicando os direitos de todos os estudantes por um curso de qualidade, com uma boa formação e permanência para todos os graduandos.

Participe da assembleia geral dos estudantes de antropologia no dia 20 de setembro às 14h20 na sala 329 para discutir os problemas do curso e fundar o CA.

Assinam a carta: Estudantes da Antropologia da Frente de Luta por um Expansão de Qualidade.