domingo, 3 de abril de 2011

A Luta dos Estudantes de Economia da UFSC por Contratação de Professores Efetivos - Contribuição do Coletivo

VAMOS PRA LUTA, VAMOS!!!



Nos últimos semestres vimos como foi, e aqueles que estão chegando logo vêem a situação. Virou rotina turmas começarem o semestre com falta de professores para as disciplinas obrigatórias do currículo. Quanto as optativas nem se fala. Chegamos a presenciar absurdos impensáveis como disciplinas que os estudantes do currículo velho precisam para se formar não serem ofertadas (caso de Custos Industriais, Economia Agrícola e Economia Regional e Urbana). Vemos, sentimos e sabemos, que tudo isso afeta a qualidade de nosso curso. 
Diante dessa situação temos que ter o máximo de unidade possível entre os estudantes na luta em defesa da qualidade do curso. Devemos também unir a luta estudantil com a dos professores e funcionários que estão insatisfeitos com a situação e se dispõe a lutar juntos. Não devemos confiar em nenhum momento que o departamento/coordenação, a direção de nosso centro, a reitoria ou o governo vão resolver nossos problemas sem nossa pressão. Se não lutarmos de forma organizada nossa vida não mudará.
A situação de nosso curso não é única. Vários cursos da UFSC também passam por falta de professores, a começar pelos nossos colegas de departamento de Relações Internacionais. Portanto, devemos unir esforços com estudantes de outros cursos para aumentar nossa força.
Nós, do Coletivo Luta & Poesia, estamos presentes em alguns cursos da UFSC, inclusive na economia. Acreditamos que só a mobilização através de assembleias, debates e manifestações é que pode mudar o nosso curso, nossa universidade e nossa sociedade para melhor. Nosso coletivo faz parte de algo maior que é a ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre), uma entidade que reúne entidades e coletivos estudantis do Brasil todo em defesa de um ensino de qualidade. Convidamos você a debater conosco algumas idéias que formulamos sobre a situação de nosso curso e o mais importante de tudo... Vamos pra Luta, Vamos!                                                                                            

POR QUE FALTAM PROFESSORES EM NOSSO CURSO? 
Como sabemos, conversando com colegas de outros cursos, nossos problemas com falta de professores parecem uma epidemia que atingiu diversos cursos da universidade e o pior é que é só a ponta do iceberg, que continua com as filas gigantescas do RU e do Xerox, a falta de vagas na moradia estudantil, as bolsas escassas, que não pagam nem o aluguel, uma BU desatualizada e um longo etc. Tudo isso trata-se de uma política que vem sendo aplicada na universidade brasileira há alguns anos e está precarizando e mercantilizando as condições de ensino, pesquisa e extensão.

REUNI: Expansão Sem Qualidade
Em 2007, sem qualquer debate com a comunidade acadêmica, e com a polícia federal sendo chamada para intimidar os estudantes que protestavam, a reitoria da UFSC aderiu ao REUNI (Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais). Outras instâncias da universidade também entraram no bonde, como foi o caso do Centro Sócio-Econômico e do Departamento de nosso curso. Fruto do REUNI, foi aberto em nosso departamento o curso de Relações Internacionais (RI) que passou a vigorar em 2009.1. No momento da aprovação foi prometido que a abertura do curso só se daria com a contratação de 15 professores. Até agora, com o RI já no 5º semestre, sequer 1/3 do prometido foi cumprido. Desde o ano 2000, enquanto 15 professores se aposentaram tivemos apenas 18 contratações de efetivos para atender a demanda de nosso curso já carente somando-se agora o atendimento de mais uma graduação e a partir desse semestre da pós-graduação de RI. Isso acontece porque uma das metas estabelecidas nacionalmente pelo REUNI é quase dobrar a relação aluno/professor nas federais.

EaD e Cursos Pagos: A Educação Mercantilizada
Em 2005 foi criado pelo Ministério da Educação o UAB (Universidade Aberta do Brasil). Um programa de expansão do ensino superior público através de cursos de Ensino à Distância (EaD). A UFSC e nosso departamento também aderiram a ele. O problema desses cursos começa pela desvinculação do ensino em relação a pesquisa e extensão, e por acabar com a necessária relação aluno-professor e aluno-aluno para que tenhamos um ensino de qualidade. Já existem 3 turmas de EaD de ciências econômicas na UFSC. Outros tipos de curso que já vem sendo aplicados há algum tempo são os cursos pagos. Tratam-se de cursos de pós de especialização. Em todos esses cursos alguns de nossos professores vêm dividindo seu precioso tempo e se desviando de responsabilidades com a universidade pública para dar cursos sob remuneração, transformando o espaço da universidade em um lugar onde o público e o privado concorrem por espaço, tempo e condições pedagógicas.

Cortes de Verbas na Educação e no Orçamento da UFSC
O Plano Nacional de Educação (PNE) da década 2001-2010 (uma espécie de compromisso formal que envolveu o governo e a sociedade civil organizada transformando-se em lei) previa que a União deveria investir em educação 7% do PIB até o final da década que passou e terminamos a década investindo apenas 4,6%. Recentemente o Governo Dilma, para não contrariar a lógica, promoveu uma série de cortes de verbas do orçamento da União e atingiu a Educação em R$ 3,1 bi e a área de Ciência e Tecnologia em R$ 953 milhões, além de anunciar a suspensão de vários concursos públicos na área federal que atingiu em cheio as universidades federais que estão expandindo. Segundo dados da UFSC, esta universidade tem previsto no orçamento deste ano R$ 266,8 milhões a menos no orçamento em relação ao ano passado. Por isso, nosso departamento, aluno nota dez das políticas do governo federal, que já se alegrava com a promessa de começar o ano sem substitutos, ficou com as calças na mão tendo que contratar substitutos na falta dos efetivos cortados por Dilma.

UMA EXPANSÃO COM QUALIDADE É POSSÍVEL?
Afirmamos categoricamente que sim. Nosso país é muito rico, repousando entre as dez maiores economias do mundo. O problema é justamente o papel periférico e dependente de nossa economia frente às economias centrais e imperialistas. A expansão que sentimos na pele segue essa lógica. Seu grande objetivo é oferecer ao mercado de trabalho uma mão-de-obra com um mínimo de formação e de forma abundante, barateando-a. Por isso, as vagas aumentam no ensino superior e os orçamentos em educação e ciência e tecnologia não aumentam proporcionalmente, às vezes até chegam a diminuir como vemos agora, diminuindo dessa forma o custo/aluno. Uma expansão com qualidade é possível rompendo nossos laços de dependência com o imperialismo. É preciso parar de pagar as dívidas externa e interna que neste ano vão consumir, segundo o site do Senado Federal, R$ 237,8 bi de juros e amortizações e mais R$ 674,4 bi com refinanciamento (pagamento de dívidas com novas dívidas). Sem essa pesada carga, além de ter condições de resolver vários atrasos de nosso país, poderemos dobrar de imediato os orçamentos da educação e da ciência e tecnologia avançando para que se criem condições para que as portas da universidade estejam abertas a todas e todos com qualidade.

I CONGRESSO DA ANEL: UM CONVITE À OUSADIA!

Está em processo de construção o I Congresso da ANEL. Ele vem sendo debatido cada vez mais por um maior número de estudantes nas suas entidades estudantis (Grêmios, DA's e CA's, DCE's ou executivas de curso) além das salas de aula, lutas e demais espaços de debate.
Diante do afastamento das lutas estudantis por parte da UNE (União Nacional dos Estudantes), que recebe milhões de reais todo ano do Governo Federal para defender as políticas dos governos que atacam nossos direitos, é fundamental construirmos esse congresso como um espaço independente e que sirva para organizar nossas lutas. Nele poderemos debatê-las e elaborar um programa comum para a juventude brasileira e nos unificarmos através de um plano de ação. Desse jeito, estaremos mais fortes para enfrentar nossos desafios em cada local de estudo.
Nesse Congresso também poderemos resgatar o melhor da tradição do movimento estudantil de lutar junto da classe trabalhadora contra o capitalismo, que é incapaz de atender as necessidades mais básicas do ser humano como alimentação, água potável ou moradia.
Para ajudar a organizar esse congresso teremos a 2ª assembleia estadual da ANEL no dia 16/04. Participe das reuniões do Coletivo Luta & Poesia e da ANEL, das lutas do movimento estudantil, das lutas dos movimentos sociais e vamos juntos construir um grande encontro estadual e um Congresso democrático que unifique a juventude brasileira junto dos trabalhadores para lutar.


UM CHAMADO AO CALE!
         Nosso Centro Acadêmico, o CALE, vem participando seguidamente dos espaços da UNE que só tem servido para fortalecer hoje as políticas que precarizam nosso curso e vem se abstendo de outros espaços de debate da juventude como é a ANEL. É preciso que o CALE reveja sua posição e abra o debate entre os estudantes do curso. Lutando junto com os demais estudantes teremos mais força para garantir nossos direitos. Por isso, fazemos um chamado aos companheiros e companheiras do CALE a se somarem na construção da 2ª assembléia estadual e do I Congresso da ANEL, fóruns democrático, independente e de luta.

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